domingo, 23 de junho de 2013

Busologia política, movimento passe livre, manifestações


E ai galera?

Nesse post continuaremos a série de publicações políticas atreladas ao nosso hobby.

O Movimento Passe Livre (MPL) encerrou suas manifestações após obter a revogação do aumento de R$0,20 na tarifa de ônibus, entretanto ele continua suas atividades de discussão e conscientização das pessoas deixando-as livres para participar de novas manifestações por outros motivos , só que sem usar o nome do movimento. Na minha opinião, atitude absolutamente sensata por parte deles, pois os caras mantiveram o foco e cumpriram o acordo que fizeram com o governo. Além disso, eles conseguiram algo muito mais amplo do que reduzir a tarifa que foi colocar o transporte público em discussão em nível nacional e isso não pode parar. Tiro meu chapéu pra esses caras. 

Com a saída do MPL da organização das manifestações, é necessário o surgimento de novas lideranças que consigam guiar as massas de modo a manter o alto nível e evitar a baderna. Está havendo um esvaziamento muito grande de conteúdo das manifestações, o que é muito perigoso, pois todo um movimento muito bonito de contestação a maneira tosca de se fazer política nesse país pode se desvirtuar e descambar. O Brasil tem tanto problema, mas tanto problema, que é reivindicação demais pra pouca passeata e tá tudo condensado. O pior é que muita gente não politizada tá gritando por coisas sem sentido, cobrando da Dilma coisas que são de responsabilidade do poder legislativo, gente cobrando do estado coisas de responsabilidade do prefeito, etc. A primeira coisa que as pessoas precisam aprender é cobrar responsabilidades da pessoa certa. Vejo também gente reivindicando coisas de forma vaga, por exemplo, gente gritando: "Chega de corrupção!", mas não tendo a menor noção de como combatê-la, nem sabendo o que é a PEC 33 e a PEC37. Não é porque as pessoas demonstram descontentamento com a corrupção que os políticos ficarão bonzinhos e honestos. É preciso exigir medidas concretas de combate a corrupção. Se as pessoas não souberem como reivindicar, fatalmente não serão atendidas e a manifestação se torna um transtorno geral e perda de tempo.

Para que os políticos realmente invistam naquilo que o povo quer é necessário fazer com que eles sintam que o povo condicionará seus votos ao comprometimento de posturas políticas de acordo com o anseio popular. Nesse caso quem tem mandato e quiser se reeleger terá que mostrar serviço e quem quiser se eleger terá que apresentar um programa de governo condizente com os anseios populares. O problema maior disso é ter um povo que realmente saiba o que quer e faça valer sua vontade. A gente tem que informar as pessoas agora, a gente tem que politizá-las, ampliar a discussão na rua, nas redes sociais, nos blogs, vlogs, etc, mostrar políticas bem sucedidas em outras cidades do Brasil e do mundo, despertar o desejo nas pessoas de um transporte melhor, de um país melhor, e continuar sem descansar até às eleições.

O processo de conscientização do povo tem que começar agora, muito antes dos partidos montarem suas chapas e lançarem seus candidatos, sabe por quê? Quando sai a candidatura de alguém muita água já passou por debaixo da ponte. Antes do processo eleitoral os partidos montam seu programa de governo, pensam os possíveis candidatos, traçam suas estratégias de campanha, é um processo complicado de mediação de interesses dentro do próprio partido. Há vários grupos sociais por trás dos partidos, e os mais poderosos (os que financiam as campanhas) fortalecem a candidatura daqueles que atenderão seus anseios. A coisa funciona mais ou menos assim: suponhamos que o sindicato das empresas de ônibus de uma cidade deseja a implantação de uma determinada política de transporte que o favorecerá. Ele vai lançar candidatos a vereador e/ou apoiar candidatos que se comprometam com seus interesses. Se esse sindicato tem força no partido, é batata que quem se candidatar por ele estará fechado com esse grupo. Como o pessoal desse sindicato é muito esperto, ele não fica restrito a um partido apenas. Ele financia a campanha tanto do candidato do partido da situação quanto da oposição, ai ele garante representatividade no poder independentemente de quem for eleito. Nesse caso, as pessoas que tem interesse em uma política de transporte diversa desse sindicato não terão em quem votar. DESdemocratizaram as eleições. (Aconteceu coisa parecida em eleição pra prefeito em BH um tempo atrás...)

 E agora? O que fazer pra garantir democracia? Primeiramente, o povo tem que ter na cabeça a política de transportes que ele quer e passar a pressionar o governo pra que ela seja implementada. Se o interesse popular for contrário ao dessas empresas, no primeiro momento ele não se concretizará, mas é igual água mole e pedra dura. Vai pressionando, vai criando um sentimento popular que fortalece os segmentos sociais engajados nessas idéias, que ajuda a propagá-las e ganhar adeptos. Naturalmente entrarão nos partidos, ganharão força lá dentro e lançarão candidatos comprometidos com a causa. (não em todos) Deu pra entender o exemplo? Quer dizer, é preciso muita pressão popular pra derrotar grupos minoritários que detêm o poder no congresso e nos partidos. Democracia participativa é o caminho pra que haja uma democracia representativa (pelo voto) bacana.



Ônibus: Caio Vitória Mercedes Benz OF1620 prefixo 32606 daque fazia a linha 1127
Foto: Vítor Rodrigo Dias - Extraída do extinto fotolog: http://ohomemcueca.fotopic.net
Espero que gostem!



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