quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tá na hora de se investir em transporte público. Como e por quê? Parte 2



Fala galera!

Primeiramente, parabenizo a todos os manifestantes que lutaram contra o aumento da passagem de ônibus por terem conseguido revertê-lo! Espero que haja redução em BH também! Espero também que a discussão por um transporte melhor ganhe ainda mais força!

Continuando a sequência de posts sobre busologia política. Tem duas pautas de reivindicações para a melhoria do transporte público que deveriam ser feitas em nível federal:

- As metrópoles deveriam ter um órgão único de planejamento e gestão do transporte, assim como um plano metropolitano de mobilidade. Hoje o planejamento de transportes, de acordo com a constituição, é de responsabilidade dos municípios. O problema disso é que os deslocamentos das massas nas metrópoles não se restringe aos limites políticos de cada município. Na prática, diversas cidades das regiões metropolitanas são continuações da cidade sede da metrópole. Um exemplo disso é a cidade de Ribeirão das Neves que ao invés de crescer de dentro pra fora, cresce de fora pra dentro, sendo invadida por Belo Horizonte. Hoje Ribeirão das Neves é uma cidade dormitório em que grande parte da população trabalha e/ou estuda em BH e volta para a cidade pra dormir. É normal haver mais linhas metropolitanas nessa cidade do que municipais.

Outro fator que exige um planejamento metropolitano é a implantação de qualquer tipo de sistema tronco-alimentado. Explicação rápida pra quem não sabe o que é isso: sistema tronco-alimentado é uma alternativa ao sistema convencional de transportes por ônibus em que a grande maioria das linhas converge para o centro. Isso gera vários problemas como a saturação dos pontos de ônibus gerando retenções nas áreas centrais e corredores nos horários de pico. Além disso, quanto maior o tamanho do trajeto da linha, maior o tempo de viagem, maior o desgaste do veículo, maior o consumo de combustíveis, maior o número de veículos para atender a frequência e, consequentemente, maior o custo da linha. A idéia do sistema tronco-alimentador é reduzir os custos, desafogar o centro e os corredores pegando várias linhas longas que fazem um trajeto comum e interrompendo-as onde seus percursos se tornam comuns. A partir desse ponto o restante da viagem é completado por outro veículo de maior porte de uma linha troncal ou em algum modo de transporte em massa como o VLT, BRT, monotrilho ou metrô. O problema disso é a baldeação. Isso pode comprometer a viagem sentado, requer outro tempo de espera e tal, mas a partir do momento que o usuário se sentir dentro de um sistema organizado que amplia suas possibilidades de conexão sem acréscimo na passagem (integração tarifária), tiver conforto no transporte e na estação e sentir a economia no bolso, ai sim, esse sistema valerá a pena.

Faz um tempão que eu venho falando que o BRT de BH será um fracasso e pode até piorar o transporte da RMBH, pois não há indícios que haverá integração tarifária entre as linhas metropolitanas com as linhas municipais e como as pistas segregadas para ônibus que já existiam foram derrubadas para que se construir uma nova pista segregada que proporcione o embarque de passageiros pelo canteiro central, as linhas metropolitanas não terão mais pista segregada. Deste modo, essas linhas terão um tempo de percurso maior no horário de pico e pra manter a frequência precisará de mais veículos. Isso pode influenciar futuramente no cálculo da tarifa dessas linhas. O pior é que essas as linhas de maior percurso são as que mais precisam ser reformuladas com integração com o BRT, mas não ocorrerá. Enquanto os órgãos municipais não dialogarem e trabalharem em conjunto, umas aberrações como essa sempre acontecerão.

O diálogo entre órgãos planejadores de trânsito de diferentes cidades é muito difícil, porque essa questão é muito mais política do que técnica. A uma infinidade de interesses por trás disso. A maneira mais inteligente de se forçar a barra pra um planejamento conjunto é unificar esses órgãos. Tomara que um dia isso ocorra! Já foi assim na época da METROBEL, o melhor momento do transporte da RMBH na minha opinião.

Ah! Esqueci de falar no post anterior de mais uma falácia a se combater:

Bicicleta não é meio de transporte! (Mentira!) Muita gente usa bicicletas como meio de transporte, ainda mais no interiorzão. As cidades grandes investiram excessivamente no automóvel e as tuas se tornaram perigosas para as bicicletas, mas isso não significa que isso não possa mudar. O video que eu posto a seguir mostra como os holandeses conseguiram as suas ciclovias. http://www.youtube.com/watch?v=BqhZMh6dQNM Eu preciso salientar que as pessoas em Amsterdã não atravessam a cidade de bike, e sim usam a bicicleta para locomover pequenas e médias distâncias e quando precisam  de andar distâncias maiores o indivíduo pode andar de bike até uma estação de metrô (faz a alimentação do sistema), atravessar a cidade na santa paz e ao chegar numa outra estação, se precisar, pode pegar uma bike pública emprestada pra completar o trajeto.



Foto: Vítor Rodrigo Dias extraída do extinto fotolog http://ohomemcueca.fotopages.com

4 comentários:

  1. O Pior sobre o BRT:

    A Tarifa do BRT no início das obras,foi dito que a tarifa do BRT,seria R$ 4,50 (120% a mais - isto representa um pouco mais do dobro da tarifa vigente nas linhas diametrais a época de elaboração dos projetos (2007) (R$2,10),Atualmente a Tarifa do BRT está prevista para ser R$ 6,00.

    Alem disto está prevista a paralização parcial do sistema aos sábados após as 14:00 e somente uma linha de cada região continuará operando normalmente e a paralização total de todo o sistema (BH TRANS) aos Domingos e Feriados e o atendimento a BH,será feito apenas pelas linhas gerenciadas pelo o DER - MG.

    Outro fato que está previsto caso aprovem a lei municipal que acabará com o adicional noturno em BH é a paralização total da linhas de BH no período de 22:00 as 04:59. (todos os veículos deverão estar nas garagens neste período) e o atendimento neste horário será feito somente pelas linhas gerenciadas pelo o DER - MG

    Este projeto é de autoria do Vereador Léo Burguês e está pronto para ser assinado pelo o prefeito para ser colocado em prática.

    Na prática significa que a PBH e a BH TRANS não querem mais que os ônibus continuem rodando nestes dias e horários citados acima.

    De tão sucateado que está o sistema,quase ninguem utiliza ou espera mais os ônibus no horário noturno,após as 14:00 aos sábados e aos Domingos e Feriados em BH de tal modo que o sistema opera com uma baixíssima demanda de passageiros. Em Muitas linhas, não tem mais onde reduzir mais viagens aos Domingos e Feriados.

    Para tentar conter a BH TRANS,foi aprovada em 2009 uma lei municipal,que proibe que qualquer linha do sistema de BH tenham intervalos maiores que 30 (Trinta) minutos ou menos de 2 viagens por faixa de 1 hora no período de 06:00 as 23:59. podendo ter apenas 1 viagem dentro da faixa horária de 04:00 as 05:59.

    Cada vez que um quadro de horário de qualquer linha é alterado em BH é para tirar viagens e veículos do sistema de BH.

    Este é o fiel retrato do sucateamento do sistema.

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    1. Em todo lugar do mundo a tarifa do BRT é igual a do ônibus comum. Aliás, ele é o ônibus comum só que sem trocador, com embarque em nível e estações de embarque fechadas. Nunca escutei nada sobre tarifas diferenciadas pro BRT. Se isso ocorrer será um fracasso absoluto. Não creio nisso.

      Sobre esse projeto de lei que vc se referiu eu não tenho maiores informações.

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  2. Quanto as bicicletas,tem muita gente literalmente atravessando várias regiões das grandes cidades. Portanto é um meio não só de transporte mas tem muita gente que sobrevive através do trabalho feito com bicicletas.

    Sendo que muitos procuram se adequar as leis de trânsito, equipando as bicicletas e andam de acordo com o trânsito do local,mas que são constantemente desrespeitados por motoristas de automóveis particulares e até mesmo por motociclistas que só falta empurrar um ciclista para passar num lugar que não passa nem um rato.

    Um exemplo desta falta de respeito ocorre em toda a região oeste de BH,que virou uma verdadeira terra de ninguem onde estão os condutores de carros particulares mais mal educados de toda a BH (que nem podiam ter tirado a CNH) e onde vigora a lei do mais forte,a do mais esperto e a lei da selva,onde se voçê parar uma bicicleta num cruzamento,vem e bate na roda traseira e pior,estes condutores mal educados (que nem podiam ter tirado a CNH), sentem prazer em agir desta forma e depois de maneira mais cínica possível pedem desculpa como se isto bastasse para repararem o erro que cometeram.
    Eles (as) só querem levar vantagem e quando são ultrapassados por bicicletas,se sentem humilhados e partem logo pra briga de trânsito e correm para jogar o carro pra cima das bicicletas para se vingarem da ultrapassagem que recebeu (ninguem tem culpa,se um carro estava mais devagar que uma bicicleta no trânsito).

    Eles conduzem automóveis,como se tivessem conduzindo carrinhos de controle remoto (Pégasus ou aqueles de Video Game ou de Flipperama,comandados por joysticks) e transformam as ruas em pistas de Formula Indy,sem se importar com as regras de trânsito vigentes.

    Respeito é bom e todo mundo gosta
    A bicicleta é um meio de transporte,Quem conduz uma bicicleta no trânsito de maneira consciente e respeitando as regras de trânsito,devem ser respeitados,tem muitas pessoas,conduzindo bicicletas pelas ruas de BH,com diversas finalidades desde profissionais até as pessoais.

    Para lembrar aos condutores mal educados no trânsito.

    Existe uma regra bem simples que os veículos maiores devem proteger os menores e todos devem proteger o pedestre (regras de preferência)

    sendo que o pedestre tem a preferência sobre qualquer veículo que esteje transitando sobre a via,desde que este esteje numa faixa apropriada.

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  3. Em todo o mundo, a tarifa do BRT é igual a do ônibus,devido aos grandes incentivos que são feitos constantemente no transporte e tambem pelo o subsidio dado pelo os governos das cidades ao longo do mundo que permitiram o barateamento e a eficácia do sistema. O Preço de um ônibus BRT (Semelhante ao bi articulado) equivale ao preço médio de 5 ônibus comum, devido a isto, sem os incentivos e subsídios do governo, nunca será possivel que a tarifa do BRT,seje equivalente a de um ônibus comum.

    Um detalhe importante: A Prefeitura de BH,não divulgou nada sobre as tarifas do BRT pois a prefeitura sabe que o povo está revoltado com a péssima prestação de serviços do transporte de BH (Poucos veículos nas linhas que realizam poucas viagens, desta forma: o tempo médio de espera nos pontos atualmente é de 20 a 50 minutos - apesar de existir uma lei da BH TRANS que proibe intervalos maiores que 30 minutos, das 05:00 as 20:00,entre as partidas dos PCs) com a implantação do BRT, várias linhas não existiram mais e muitas regiões de BH (principalmente os bairros de regiões próximas do BRT,que não mais terão nenhum veículo para atender a região ou bairro afetado pelo o BRT).

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