terça-feira, 18 de junho de 2013

Tá na hora de se investir no transporte público. Como e por quê? Parte 1


Fala galera!

Em semana de manifestações pelo Brasil que começou em SP com o movimento passe livre contra o aumento da passagem e se espalhou pelo Brasil inteiro. As pessoas estão nas ruas para pedir uma inversão de prioridades na política de transportes que prioriza o automóvel ao invés de priorizar o transporte público. O mais interessante do movimento passe livre é que finalmente o transporte está sendo colocado em pauta. Na minha opinião, se o movimento conseguir disseminar o desejo de um transporte melhor e despertar a consciência das pessoas sobre o tema ele será um completo sucesso, mesmo que ele não consiga maiores resultados a curto prazo (mas creio que consiga). Se o povo tiver essa consciência e explicitar esse desejo não haverá político que tenha força pra negligenciar isso. Essa é a oportunidade que caiu do céu para os técnicos e busólogos contribuírem com a sociedade com seus conhecimentos sobre transporte, pois as pessoas desejam um transporte melhor, mas as vezes não têm um referência de qualidade ou por falta de conhecimento não compreendem algumas coisas que são pautadas.

Investir em transporte é uma necessidade, pois:

- Quem precisa do transporte público merece respeito. (Por si só esse argumento deveria bastar)
- A cidade de SP, de acordo com o IPEA, paga dízimo pro engarrafamento! Isso mesmo, 10% do PIB de São Paulo vai embora por causa dos engarrafamentos. A capital carioca tb perde 10% do produz no trânsito. Pode conferir no nessa matéria do ig. É dinheiro jogado fora! Isso trava muitos investimentos privados. BH e outras metrópoles também sofrem com isso.
- A disponibilidade de transporte público é fator de valorização de bairros. De acordo com a SECOVI de SP os empreendimentos imobiliários localizados próximos às estações do metrô são bem mais caros que os similares mais afastados. Ou seja, a disponibilidade de transporte é fator relacionado a especulação imobiliária. Quanto mais concentrado ele for, maior será a discrepância de preços do mercado imobiliário e maior serão as diferenças sócio-espaciais na cidade.
- A distribuição irregular do transporte público no território urbano é fator de segregação social. Muita gente deixa de sair a noite, deixa de sair pra se divertir e perde até oportunidades de emprego por isso. É uma questão social.
- O tempo perdido nos deslocamentos do trabalho, agravados pelo trânsito provoca stress e diversas doenças decorrentes disso. Além disso, a produtividade do trabalhador cai. Há diversos estudos sobre isso como esse.

        A solução para o engarrafamento e todos os problemas decorrentes dele é fomentar a migração do transporte individual por automóvel para o transporte público! Isso só será possível se o transporte tenha excelência e seja competitivo em relação ao automóvel. Usar transporte público, no entanto, não trás status, nem oferece o conforto do automóvel, mas se ele for mais barato, mais prático e mais ágil que o automóvel, ai sim ele pode ser competitivo. Para isso, é preciso dar total prioridade ao trânsito de ônibus, brt e vlt, e investir em modais que não tenham interferência do trânsito, como é o caso do metrô.


Falácias a serem combatidas:

O problema do transporte público é a falta de concorrência. (MENTIRA! Dá calo no olho ler uma coisa dessas.) A concorrência no transporte público é um desastre. Pra começar, a tarifa é padronizada e as linhas são planejadas (ou deveriam ser) pela secretaria de transporte municipal ou autarquia responsável. O transporte público tem que ser otimizado pra ser mais eficiente, de modo a ser prático, rápido, barato e harmônico com o trânsito. Para isso, a idéia é acabar com a concorrência entre linhas (uma esvazia a outra) de modo a introduzir linhas troncais onde o itinerário de linhas é idêntico. Se todas as linhas da periferia convergissem diretamente para o centro passando pelos corredores haveria um abarrotamento dos pontos que poderia gerar retenções. Lembrem-se da época dos perueiros, havia concorrência com os ônibus, e também havia caos no trânsito. Além disso, isso gera economia de espaço viário, combustível e dinheiro. Essa é a lógica do sistema tronco-alimentado. Outro exemplo de concorrência burra, são as linhas metropolitanas com destino ao centro de BH que custam pelo menos R$3,45 (e as vezes andam menos que as de SP que custam R$3,20) enquanto as de BH custam R$2,80. Só em situações excepcionais um usuário de BH pegaria uma linha metropolitana. Nem cartão BHBUS elas tem.

Alargar ruas resolve o problema do trânsito. (Mentira!) Quanto mais você oferece conforto para se andar de automóvel, mais as pessoas tendem a utilizá-lo. Alargar ruas pode minimizar temporariamente o engarrafamento, mas se o número de automóveis aumentar, as ruas voltam a saturar. Além disso, alargamento de ruas muitas vezes requer desapropriações (cu$ta caro e gera um problema social enorme pra realocar esse povo) e tem um limite. Ninguém vai derrubar centros históricos pra isso.

Investir em vias expressas, viadutos e outros instrumentos pra aumentar a velocidade do trânsito é a solução. (Mentira!) Aumentar a velocidade de operação das ruas dificulta a travessia de pedestres, torna a via mais perigosa e aumenta a poluição sonora. Você já reparou que na beira de vias rápidas costumam ser degradas, desertas e perigosas? Isso ocorre pq só empreendimentos ligados ao carro como posto de gasolina, moteis drive-in, galpões, garagens, essas coisas são os únicos empreendimentos viáveis na área. Fora isso surgem favelas, afinal, quem não tem dinheiro pra morar com dignidade invade as áreas possíveis. (mesmo que sejam perigosas e insalubres) Olha uma prova do que eu tô falando. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/37241-minhocao-carioca-deve-ir-ao-chao-em-3-anos.shtml
Dica de leitura sobre o assunto: Morte e Vida nas Grandes Cidades - Jane Jacobs - 1969

Aumentar a qualidade dos veículos aumenta o preço da tarifa. (Depende!) A tarifa é composta de vários fatores como itinerário, tempo de percurso, demanda, manutenção, pessoal, garagem, renovação de frota, impostos, combustível, seguro, lucro das empresas e da autarquia reguladora, em BH a BHTRANS. Se a linha for "burra", fizer concorrência com outras, tiver itinerário ruim (longo, demorado, esvaziado e sujeito a retenções) e a demanda insatisfatória ela dará prejuízo e as demais linhas vão ter que financiá-la pra manter o padrão das tarifas.Tendo em vista que o transporte público é degradante, as pessoas se sentem mal em utilizá-lo, e pelo bem da cidade o ideal é que o usuário do carro migre pro ônibus, e com tantos fatores que interferem na passagem, a coisa mais BURRA do mundo é fazer economia comprando ônibus com chassi de caminhão (vulgos cabritos, os mais baratos do mercado e os mais duros também).

Investir em metrô significa matar o ônibus. (Mentira!) O metrô tem baixo poder de penetração na malha urbana. (no popular: pouca coisa fica perto das estações do metrô.) Metrô é um modo excelente como troncal. O ideal é que os ônibus sirvam de alimentação pr'esse sistema. Sem falar nas linhas perimetrais, circulares e estruturais que complementarão esse sistema. Ou seja, metrô sem ônibus não funciona tão bem.

Ônibus é coisa de pobre. (Mentira!) Transporte público é coisa também de gente que tem consciência ambiental, que sabe que optar pelo transporte público reduz emissões de carbono, contribui para um trânsito melhor, faz economia e, onde o ônibus tem prioridade, as vezes chega mais cedo do quem vai de carro.

Linhas insustentáveis, que dão prejuízo deveriam ser extintas. (Depende!) Linhas mal feitas devem ser repensadas para otimizar o sistema, mas o direito a mobilidade é sagrado. Tem determinadas linhas que dão prejuízos, mas são necessárias para a atender a uma determinada população que não tem alternativa.

Espero ter contribuído com argumentos que possam conscientizar e implantar a sementinha do transporte público no seu coração. Pensem nisso na hora de votar e na hora de manifestar também. No próximo post, terá mais!



Ônibus da foto: Linha 328, Caio Vitória Mercedes Benz OH1318 prefixo 9813 já retirado do sistema.
Fotógrafo: Vítor Rodrigo Dias, extraído do extinto fotolog: http://ohomemcueca.fotopages.com

5 comentários:

  1. O Pior que ocorre na RMBH é quase inperceptível

    Após o processo de municipalização das linhas de BH (BH TRANS),Contagem (Transcon),Betim (Transbetim),Nova Lima (Prefeitura - Linhas operadas pela Via Ouro),Ibirité (Prefeitura - Linhas operadas pela a Viação Cruzeiro),Ribeirão das Neves (Transneves),Sabará (Prefeitura - Linhas operadas pela a Vinscol) e Lagoa Santa (Translago) e que resultou no fim da CCT (Câmara de Compensação Tarifária) as linhas gerenciadas pelo o DER - MG,tiveram um sério impacto na tarifa de cada uma das linhas do sistema e atualmente tem linhas que rodam na RMBH e a Tarifa varia de R$ 2,10 a R$ 28,10 de acordo com a linha ou seja, antes da municipalização a CCT (Metrobel - PROBUS) era a responsável pela a manutenção do sistema da RMBH em que as linhas superavitárias do sistema compensavam as linhas deficitárias e desta forma a tarifa variava apenas conforme o tipo de serviço de cada linha que eram estes:
    1 - Circular e Auxiliar (Linhas SA)
    2 - Diametral e Radial (Contagem)
    3 - Semi Expresso
    4 - Expresso

    Não existiam as linhas Perimetrais

    Quem utilizava as linhas nesta época se lembra que a tarifa era padronizada desta forma e a frota de ônibus em BH,que já teve o melhor sistema de Transporte Coletivo na época entre 1982 a 1991 (Metrobel e Transmetro - PROBUS) tinha em operação 6100 Ônibus e na RMBH a frota era 5900 ônibus ou seja: NA RMBH rodavam 12.000 ônibus nesta época.
    Atualmente o sistema tem 5200 ônibus,sendo que 2.700 rodam nas linhas da BH TRANS e 2.500 operam as linhas do DER - MG. queda de 57% na quantidade de veículos em operação. Isto significa que o sistema está sucateado (um lixo),deficitário e não atende de maneira satisfatória a ninguem.

    O Fim da CCT,serviu mesmo,foi para encarecer a tarifa das linhas do sistema de BH e do sistema da RMBH (DER - MG).

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    1. Boa observação! Muitas linhas da RMBH perderam demanda e/ou foram enfraquecidas. Metropole tinha que ter um só órgão planejador e gestor do transporte. Falarei sobre isso no próximo post.

      Não existia a categoria linha perimetral, mas algumas azuis faziam essa função. Lembro da 1129, por exemplo. As linhas perimetrais foram um ponto positivo do sistema BHBUS.

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    2. A Linha 1129 - Milionários/Nova Suiça/Cid.Industrial/Betânia

      na época em que foi criada,na implantação do PROBUS - METROBEL, Operava com PC tambem no Betânia (o PC era junto com o PC da linha 1107 A/B (Riacho/Salgado Filho/Betânia) e não atendia o Bonsucesso,pois havia o ramal 1207 SA Betânia/Bonsucesso que operou até ser desativado em 1984.

      Devido a desativação do ramal da linha 1207 SA, A Linha 1129,passou a atender a região do Betânia em itinerário circular,(manteve o atendimento a Vila Barraginha e a Praça A) ou seja: esta linha passou a operar no sentido circular: Ida pela a Av Amazonas (sentido Nova Suiça) e Volta pela a Av Ursula Paulino (sentido Betânia) e atendendo o Bonsucesso o que reduziu a frota desta linha para apenas 5 (cinco veículos). Em 05/1995,para tentar amenizar a bagunça e o transtorno causado na época pelas lideranças da Região Oeste de BH a época da desativação do ramal
      1207 SA,ocorrida em 1984,foi criado o ramal 1129 B que voltou a atender o itinerário que estava sem atendimento: ida pela a Av Ursula Paulino (Sentido Nova Suiça) e volta pela a Av Amazonas (Sentido Cid.Industrial),mas só persistiu até ser desativada em 2002,com a inauguração da Estação Barreiro (Mais uma etapa de sucateamento do sistema)

      Atualmente esta é a linha 3054,que opera de modo irregular (atende a área central de BH),pois é uma linha perimetral e os veículos deveriam ser da cor laranja.

      Uma linha perimetral só pode atender a área central a 300 Metros de distância linear da Av Contorno.

      Um exemplo é a linha 2152 que passa a 4 quarteirões da Praça Raul Soares (Lourdes) (Limite máximo para atendimento a área central).

      Esta linha desafoga as linhas SC02 A/B e 2101 (No trecho intermediário Sto Agostinho (Pça da Assembléia)/Savassi (Pça da Liberdade)

      No entanto esta linha está bastante sucateada e opera com falta de um P.E.D (Av Olegário Maciel - Pça da Assembléia) e com poucos veículos na linha.

      Em 1990 a linha 1107,tambem passou a fazer o itinerário parecido com o da linha 1129 desta forma:

      Linha 1107 A - Riacho/Salgado Filho/Betânia (Atual linha 7110):
      Ida: passou a atender a região do Barreiro e Bonsucesso e a Av Ursula Paulino (Sentido Nova Suiça e volta pela a Av Amazonas (Sentido Cid.Industrial).

      Ramal 1107 B - Riacho/Salgado Filho/Betânia Via Rua Rio Comprido(Atual linha 7120):
      Ida pela a Av Amazonas (sentido Nova Suiça) e Volta pela a Av Ursula Paulino (sentido Betânia) e passou a atender o Bonsucesso e a região do Barreiro.

      Com isto sucateou tambem a linha 1101 (Atual linha 7100),que teve uma queda expressiva não só de demanda,mas tambem na quantidade de viagens e de veículos nesta linha.

      Reduzindo tambem a frota da linha 1107 A/B (Linhas 7110 e 7120) que na região do Riacho,mantem o itinerário original.

      resumindo: as linhas 7110 e 7120 operam em sentido circular apenas no trecho entre o Barreiro e Nova Suiça,o que tambem é irregular no sistema,pois são linhas diametrais.

      De fato o único ponto positivo do BHBUS foi apenas a criação das linhas Perimetrais,mas que tambem estão sucateadas,devido a constantes reduções da quantidade de veículos e de viagens,alem do encurtamento do itinerário da linha 1170 Santa Lúcia/Mangabeiras,que em 2000,deixou de atender a Praça do Papa e ao Parque das Mangabeiras. que passou a retornar na Praça da Bandeira (local PC 2 Mangabeiras à Partir de 11/06/2006)

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  2. Para lembrar:

    A Tarifa das linhas na era PROBUS - METROBEL/TRANSMETRO podiam ser comparada ao preço de uma garrafa de refrigerante.
    desta forma:

    Tarifa de linha Circular e Radial,
    igual ao custo de uma garrafa de refrigerante caçula (185 ml)

    Tarifa de linha Radial e Diametral,
    igual ao custo de uma garrafa de refrigerante médio (290 ml)

    Tarifa de linha Semi Expressa,
    igual ao custo de uma garrafa de refrigerante de 600 ml (garrafa de cerveja)

    Tarifa de linha expressa,
    igual ao custo de uma garrafa de refrigerante de 1 Litro.

    Pois o indiçe de calculo dos preços da tarifa do sistema e do refrigerante era praticamente o mesmo.

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